Jato Dassault Falcon 900 de uma companhia portuguesa é flagrado por policiais federais com 578 kg de cocaína no aeroporto internacional de Salvador.
O fretamento do jato Dassault Falcon 900 de uma companhia portuguesa, flagrado por policiais federais com 578 kg de cocaína no aeroporto internacional de Salvador (BA), no último dia 9, foi feito em nome de uma empresa brasileira com endereço na Vila Santa Maria, zona norte de São Paulo, e custou 130 mil euros (ou R$ 854 mil na cotação de ontem).
O avião tinha como destino o aeródromo de Tires, em Cascais (a 40 km de Lisboa), e deveria levar a bordo empresários ligados ao futebol português, entre eles João Loureiro, expresidente do Boavista, time da primeira divisão que foi campeão português em 2000/2001.
A Polícia Judiciária de Portugal abriu inquérito para apurar quem encomendou mais de meia tonelada da droga. A Polícia Federal do Brasil também atua no caso e diz que as investigações são sigilosas. Segundo policiais portugueses, a aeronave pertence ao táxi aéreo Omni Aviação. Documentos aos quais o UOL teve acesso mostram o nome de uma pessoa e da empresa que fez o fretamento. Um dos sócios é advogado. O UOL não conseguiu falar com ele.
A reportagem telefonou para uma imobiliária que fica no mesmo endereço. Funcionários disseram que a empresa mudou para local ignorado no final de 2019. O "cartola" João Loureiro foi ouvido pela Polícia Federal em Salvador e teve o telefone celular apreendido. À rede de televisão portuguesa SIC, ele afirmou não ter envolvimento com a droga encontrada pelos agentes brasileiros. Crime planejado em Portugal Para a Polícia Judiciária, existem fortes indícios de que os atos preparatórios para o crime de tráfico de drogas, como a encomenda, o lugar para armazenar, esconder e transportar a cocaína no avião, foram planejados e cometidos em Portugal.
Policiais portugueses apuraram que a aeronave estava em um hangar de pintura em Portugal e chegou a Salvador em 28 de janeiro. A bordo se encontravam três tripulantes, além de João Loureiro e o espanhol Mansur Mohamed Heredia. O carro deste último foi apreendido no aeródromo de Tires para ser periciado. Da capital baiana, o avião seguiu para Jundiaí (SP) e ficou lá por alguns dias. No retorno a Salvador, o piloto suspeitou de problemas no trem de pouso do jato e comunicou o fato à torre de controle do aeroporto internacional.
Mecânicos inspecionaram a aeronave e encontraram parte da droga no último dia 9. Agentes federais, com apoio de cães farejadores, acharam o restante do entorpecente. A cocaína estava acondicionada em pacotes com marcas de materiais esportivos famosos escondidos na fuselagem do avião. O UOL também teve acesso a documentos com a lista de passageiros que embarcariam para Portugal. Na relação, constam os nomes de João Loureiro, Mansur Mohamed Heredia, Bruno André Carvalho dos Santos, Hugo Cajuda de Sousa, Paulo Saturnino Cunha, Bruno Macedo e o zagueiro Lucas Veríssimo, ex-jogador do Santos, contratado pelo Benfica.
Segundo jornais portugueses, Bruno Carvalho participou das negociações que levaram Jorge Jesus, ex-técnico do Flamengo, de volta ao Benfica. Bruno Macedo é o agente que negociou a ida do treinador Abel Ferreira para o Palmeiras. Lucas Veríssimo, a princípio, embarcaria no Falcon 900. Mas o Benfica decidiu que o novo reforço da equipe deveria viajar para Lisboa em avião comercial de uma companhia francesa.
A Polícia Judiciária não descarta o envolvimento do ex-policial militar e narcotraficante Sérgio Roberto de Carvalho, 62, o Major Carvalho, na compra da droga. A PF nega essa hipótese. Em novembro de 2020, agentes portugueses apreenderam 11 milhões de euros dele em uma van em Lisboa. Major Carvalho escapou. Ele é chamado em Portugal de "Escobar brasileiro".
A Polícia Federal informou que as investigações estão sob sigilo e prosseguem para identificar os responsáveis pela carga ilícita. Os envolvidos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, cujas penas somadas podem chegar a 25 anos de prisão.
Fonte: noticias.uol.com.br