Suspeita é de que mais de R$ 1 milhão destinados a duas candidatas do MDB foram usados para pagamento de cabos eleitorais. Defesa nega irregularidade.
A Polícia Federal (PF) indiciou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), por omissão de gastos na prestação de contas na eleição de 2018. A suspeita é de que o chefe do Executivo lançou candidaturas laranja durante a campanha. Se comprovado, o fato configura crime eleitoral.
A informação sobre o indiciamento foi confirmada pelo advogado do governador, Marcel Versiani. No ano passado, um relatório policial apontou que foram repassados mais de R$ 1 milhão a duas candidatas da sigla, e o recurso teria sido usado para o pagamento de cabos eleitorais.
A defesa de Ibaneis também disse ao G1 que “não houve omissão na prestação de contas, fato que ficará comprovado quando houver oportunidade para apresentação de defesa” (veja mais abaixo).
Uma das candidatas citadas no caso é Dolores Moreira Costa Ferreira, que recebeu R$ 502 mil do partido, mas apenas 551 votos. Já Kadija de Almeida Guimarães recebeu R$ 573 mil do MDB e teve só 403 votos. A maioria dos recursos veio dos fundos eleitoral e partidário, compostos de dinheiro público.
O G1 tenta contato com as ex-candidatas. Já o Palácio do Buriti afirma que o governador Ibaneis "teve suas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral". Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF), as contas foram aprovadas pelo TRE-DF ainda em 2018.
Quantidade inexpressiva de votos
Em maio de 2019, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao MDB do Distrito Federal. Os policiais recolheram computadores e documentos na sede da sigla. O objetivo era recolher provas para a investigação de candidaturas laranja.
Segundo o juiz eleitoral que expediu os mandados, Luis Martius Holanda Bezerra Júnior, as candidatas receberam “significativos aportes financeiros do MDB, com pequena compra de material de campanha, mas vultosa quantia para pagamento de militância de rua”. Ainda de acordo com o magistrado, “ao fim das eleições, [as candidatas] tiveram inexpressiva quantidade de votos”.
Depoimentos de pessoas que trabalharam para as campanhas apontavam que o partido realizou um esquema para que parte dos recursos repassado às duas fosse devolvido. Testemunhas afirmam que o dinheiro não teria sido registrado na prestação de contas.
O que diz a defesa do governador
Ao G1, nesta sexta-feira (3), outro advogado de Ibaneis também comentou o caso. Cléber Lopes afirmou que a conclusão da Polícia Federal "certamente não será seguida pelo Ministério Público".
"O então candidato Ibaneis Rocha não era coordenador de campanha, como não era dirigente do partido. Em resumo, ele não era responsável pela distribuição de recursos durante a campanha", disse. Lopes lembrou ainda a primeira candidatura do governador.
Fonte: g1.globo.com