A PF (Polícia Federal) prendeu hoje Gilberto Aparecido dos Santos, 49, o Fuminho, o criminoso mais procurado do Brasil, em Moçambique, na África. Ele estava foragido há 21 anos.
Em nota, a PF informou que Fuminho "era considerado o maior fornecedor de cocaína a uma facção com atuação em todo o Brasil, além de ser responsável pelo envio de toneladas da droga para diversos países do mundo".
De acordo com o Ministério da Justiça, Fuminho atuava em todos os estados do país e no Mercosul. "Crimes de tráfico de drogas, contra o patrimônio e de financiamento para fuga de líderes de organizações criminosas. Investigações da Polícia Civil e do MP (Ministério Público) paulista apontam que Fuminho, em liberdade, era o principal braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Apesar de ser aliado de Marcola, principal chefe do PCC, que está preso em Brasília, investigadores e pesquisadores dizem que Fuminho não é integrante da facção paulista, apenas sócio. Fuminho fugiu da prisão em 1998, no mesmo dia que Marcola também fugiu, e se abrigou no Paraguai e na Bolívia. Membros da cúpula da PF afirmaram à reportagem no ano passado que a prisão de Fuminho estava próxima. Para policiais civis de São Paulo, o traficante, que estava baseado na Bolívia, costumava viajar constantemente ao Brasil por negócios.
Policiais federais também disseram para a reportagem que Fuminho foi recentemente para Moçambique e que escolheu o país para ficar por um período pela facilidade de se comunicar, já que lá se fala em português.
A reportagem não localizou a defesa de Fuminho.
Para Rafael Alcadipani, professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e especialista do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, "a prisão do Fuminho é um terremoto para o equilíbrio interno do PCC e pode afetar o controle do PCC na importação de parte da cocaína para o Brasil. Deve haver uma longa acomodação a esta situação com muitas consequências para o crime organizado no Brasil".
Fuminho comandou assassinato de "número 2"
De acordo com um relatório sigiloso do Núcleo Regional de Inteligência e Segurança Penitenciária da Croeste (Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Oeste do Estado de São Paulo), revelado pelo UOL, Fuminho foi o responsável por comandar o assassinato de Rogério Jeremias de Simone, 41, o Gegê do Mangue, em fevereiro de 2018. Segundo o documento, em 1º de fevereiro de 2017, ao deixar a prisão, Gegê do Mangue prometeu resgatar Marcola, que estava detido na penitenciária dois de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. "Gegê passou a ser a principal liderança da facção em liberdade, assumindo o controle de todas as atividades criminosas do grupo", diz o documento.
"Teria prometido, no momento de sua liberdade, que iria resgatar Marcola, com quem possuía uma imensa dívida de gratidão. Teria dito que Marcola não precisava fazer nada relacionado ao plano, pois toda a execução seria feita por ele. Porém, não o fez, e aproveitando-se do fato de ser a principal liderança em liberdade, voltou todos os seus esforços para o tráfico de drogas em benefício próprio, porém, utilizando a estrutura da facção", complementa o relatório.
Fonte: noticias.uol.com.br