Polícia Federal investiga suspeita de crime eleitoral envolvendo vale-combustível em São Carlos
Eram oferecidos descontos de R$ 30 em abastecimento se a pessoa aceitasse colar adesivo de candidatos a deputado e senadora. Coordenadorias de campanhas negam crime eleitoral.
A Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão em São Carlos (SP), no sábado (6), para apurar uma denúncia de crime eleitoral envolvendo a campanha do candidato a deputado estadual Ulisses Sales (PHS) e da candidata a senadora Maurren Maggi (PSB).
Na quinta-feira (4), o Ministério Público Eleitoral (MPE) recebeu informações que pessoas ligadas às campanhas forneciam um cupom de desconto no valor de R$ 30 para abastecer em um posto de combustíveis da cidade, caso a pessoa aceitasse colar um adesivo no carro para fazer a divulgação.
Procurado pelo G1, o advogado Thiago Thobias, coordenador da campanha de Ulisses Sales, negou as acusações e afirmou que tudo foi feito dentro da lei. Segundo ele, as pessoas que se dispõem a participar das carreatas recebem o apoio de vale-combustível, o que é permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"O TSE, nos Recursos Especiais 40920 e 41005, já pacificou a ideia de que distribuição de combustível para carreata não é compra de votos. Segundo o entendimento do tribunal, o custeio e distribuição de combustível a simpatizantes com a finalidade de viabilizar a realização de carreata não caracteriza captação ilícita de sufrágio ou abuso de poder econômico, declarou o advogado.
O irmão e coordenador da campanha de Maurren Maggi, Willians Maggi Júnior, negou que a candidata tivesse participação na distribuição dos cupons e disse que não tem conhecimento da denúncia e que não foi contactado pela Polícia Federal.
"Nós não temos envolvimento com isso. Nós temos chapa dobrada por ser uma candidatura majoritária, com mais de mil candidatos a deputado no estado inteiro e não temos controle de tudo o que é feito. Agora, da parte nossa podemos garantir que nunca fizemos isso", disse.
Investigação
Segundo a PF, o Ministério Público Eleitoral constatou na sexta-feira (5) a existência de indícios de que a entrega de vales-combustível ocorria em uma casa na Rua Rafael de Senzi, no Jardim São João Batista, devido a movimentação atípica de pessoas e veículos no local.
A Justiça concedeu autorização para que a PF realizasse diligências e, se fosse o caso, prendesse em flagrante no momento oportuno.
Durante quatro horas de vigilância, os agentes da PF presenciaram vários condutores de veículos afixando adesivo no endereço apontado, recebendo um pequeno papel e, munidos do 'vale', abastecendo em um posto no Centro.
Segundo a PF, os policiais filmaram pelo menos três veículos que colocaram o adesivo da campanha dos candidatos Ulisses Sales e Maurren Maggi e se dirigiram até o posto "para receber a vantagem indevida".
Diante das evidências da prática de crimes eleitorais, na manhã de sábado o MPE requereu a concessão de ordem de busca e apreensão, a fim de apreender documentos, objetos e quaisquer outros elementos de convicção relacionados à prática de crimes eleitorais, bem como a instauração de inquérito policial pela PF.
A Polícia Federal de Araraquara cumpriu a ordem judicial apreendendo nos dois endereços farto material de prova. Na casa foram encontrados adesivos e os talões de vales. No posto, foram apreendidos mais vales e as respectivas notas de abastecimento.
Fonte: g1.com.br